jogo com o último classificado teve todos os componentes de uma viagem no comboio fantasma: uma 
entrada serena, sem pressagiar os horrores que se seguiriam, com rápida e
 dramática mudança de cenário. Até a saída do túnel escuro em que a 
equipa se enfiou acabou por ficar marcada com um susto final, ao melhor 
estilo de um comboio de horrores. Acabou por prevalecer a vontade e o 
esforço da equipa com melhores argumentos e que tudo fez para contrariar os problemas que criou para si mesma.
Nada parecia fazer prever que, depois de inauguração madrugadora do 
marcador, seguida de confirmação quase imediata, que a aquisição de mais
 três preciosos pontos iria ficar em dúvida. Mas não há jogos fáceis e 
os mais difíceis são aqueles que as equipas 
têm que jogar contra um adversário e contra os seus próprios erros. Não 
fora este o adversário, talvez dos mais inofensivos que vamos ter pela 
frente, e estaríamos agora a lamentar mais pontos perdidos em casa. O 
facto é que o perigo junto à nossa baliza nasceu quase sempre dos nossos
 próprios erros e não da qualidade técnica ou capacidade colectiva do 
adversário.
O jogo permite leituras para todos os gostos. A minha é que há um 
momento que apelidaria de "momento Slimani" em que, em apenas 5 minutos,
 intervenções do ponta-de-lança argelino introduzem alterações 
substanciais no jogo. O golo de cabeça aos 7 minutos parecia abrir as 
portas a uma noite tranquila, senão de goleada. Um passe atrasado 
disparatado, que nem sequer é novo nele, deixa Tobias em dificuldade 
provocando-lhe a expulsão. Na sequência do livre acaba por deixar passar
 a bola por baixo da barreira ao saltar. 
Sobre as culpas de Tobias, não vejo como pudesse fazer diferente sem 
sair chamuscado de igual forma. Se tivesse a frieza de pensar que mais 
valia sofrer um golo e não arriscar a expulsão - o que se me afigura 
difícil no decorrer de um jogo e naquele lance em particular - dir-se-ia
 que não fez nada para o evitar. Agora é natural que se invoque a falta 
de experiência, embora me pareça despropositado.
Aceito também a discussão sobre se Marco Silva deveria ou não ter 
colocado de imediato Ewerton. O que aconteceu no jogo permite essa 
leitura, atendendo a que o golo do empate sucede num momento em que 
William está a central. Convém não esquecer que Adrien deveria ter feito
 mais, uma vez que lhe havia sido confiado a função anteriormente 
atribuída àquele. O que ninguém pode afirmar é que, com ou sem Ewerton a
 central e William no seu lugar o golo não acontecesse na mesma, uma vez
 que este nasce de um corte deficiente de Paulo Oliveira, contra tudo o 
que os cânones estipulam. Teve tudo para se assemelhar a uma 
assistência. Não há táctica ou plano de jogo que se sobreponha a isto.
Mais importante de assinalar parece-me ser a vontade e aplicação da 
equipa ante as dificuldades consecutivas em que consegue contrariar 
resultados adversos aplicando-se denodadamente, em praticamente um jogo 
inteiro em inferioridade numérica, o que contraria a ideia de uma equipa
 mal preparada fisicamente. É contudo evidente que alguns jogadores 
importantes exibem um cansaço competitivo, traduzido em prestações sem 
chama, e falhas menos comuns que o seu valor deixaria prever. 
Do lado dos bons destaques nota de relevo para as assistências de 
Jefferson, especialmente para Slimani. Para a entrada de Carrillo e para
 os sinais de que o bom Nani está de volta. Não só pelo golo, em 
cabeçada exemplar, mas também para alguns pormenores de classe. Justiça 
para Patrício, que não pode ser apenas lembrado quando falha. Só foi 
chamado uma vez mas segurou os 3 pontos.
Em nota adicional ao post, que só não ficou originalmente por pressa no 
copy+paste, um comentário à arbitragem, especialmente para ao critério 
disciplinar. Nada a dizer na expulsão de Tobias, justíssima. Mas a forma
 como foi adiando os cartões aos jogadores de Penafiel e a forma 
expedita com os mostrou aos nossos jogadores é reveladora. Depois, já 
com o resultado a nosso favor, lá foi tratando de compensar de forma 
tosca e atabalhoada, acabando por expulsar indevidamente um jogador 
penafidelense.
Já com o jogo a caminho do seu final lá se encarregou de dar uma folga a
 William Carvalho, que assim não jogará na Madeira. Com o mesmo critério
 quantos jogadores do Penafiel teriam sido amarelados. Se arbitragem 
nacional se quer credibilizar tem que, entre outras coisas, começar a 
usar critérios mais uniformes e que, aqui e ali, não tresandem a formas 
de favorecimento de uns contra outros.